O QUE NÓS QUEREMOS SER? QUAL É O CONCEITO QUE ESPERAMOS E MERECEMOS RECEBER?

Nos tempos de serviço ativo na Polícia Militar, uma das formas de comunicar-me com os meus comandados era por meio de um informativo trimestral.

Naquela época, mais precisamente no ano de 2006, escrevi para eles sobre um tema muito vilipendiado nos últimos anos.

Refiro-me à honra!

Quero aproveitar a oportunidade de agora estar na presidência da Caixa Beneficente e externar o texto escrito novamente, agora para um público muito maior.

Todos têm acesso ao site; militares, contribuintes ou não, funcionários, enfim, qualquer pessoa que deseje conhecer a Caixa Beneficente.

Por isso, com essa publicação, conclamo todos para uma reflexão: “O que nós queremos ser? Qual é o conceito que esperamos e merecemos receber?”

Vejamos o texto:

“Em várias ocasiões quando me manifestei nos editoriais deste informativo ou em alocuções registradas nos boletins do batalhão, mencionei inúmeros personagens que, por um motivo ou outro, escreveram os seus nomes na história da humanidade.
Já citei Wiston Churchill, Julio Cesar e Leônidas, dentre outros.
Do primeiro, é válido relembrar que foi ele o timoneiro na condução da Inglaterra no pior momento da 2ª guerra mundial para aquela nação. Quando Churchill assumiu a função de primeiro-ministro, a Alemanha dominava praticamente toda a Europa e a Inglaterra era o próximo alvo a ser subjugado.
Foi graças à vontade férrea de Churchill que os aliados mudaram o quadro sombrio que pairava sobre o continente.
Com relação ao segundo, Julio Cesar, ele foi o grande imperador romano; foi o grande estrategista que expandiu as fronteiras e consolidou o domínio de Roma sobre as civilizações da época. Organizou os territórios e o exército em centúrias e legiões tornando-o forte e profissional para os padrões existentes.
Sem dúvida, esse é o mais contundente nome da história antiga.
O terceiro, o rei de Esparta Leônidas, é o personagem da história que mais simbolizou o comandante guerreiro, aquele que conduz os seus soldados nas linhas de frente.
É famosa a batalha na qual esse rei espartano enfrentou mais de 40 mil persas com apenas 300 soldados entrincheirados no desfiladeiro das Termópilas.
Conta a história (ou a lenda) que Xerxes, o rei persa, sabedor da sua imensa supremacia e querendo uma rendição sem luta, teria enviado um mensageiro a Leônidas com a seguinte mensagem: “É tamanho o nosso exército que nossas flechas cobrirão o sol”.
Leônidas teria mandado o mensageiro de volta com a resposta: “Melhor, combateremos à sombra!”.
Esses são exemplos positivos que a história nos apresenta e que, infelizmente, pouco são reverenciados.
Porém, na contramão dos exemplos positivos, também existem os negativos.
Judas Iscariotis, Brutus e Calabar são alguns dos mais conhecidos, principalmente se os considerarmos sob o vil foco da traição.
O primeiro, personagem bíblico, é o conhecido discípulo de Jesus Cristo que o entregou aos romanos para ser crucificado.
Brutus é o personagem da história do império romano que mais simbolizou a traição. Ele conspirou contra o imperador Julio Cesar, que o criara como um filho.
Também ficou famosa a frase que Julio Cesar, após ser atacado, ferido e surpreso por ver Brutus entre os conspiradores, teria dito enquanto agonizava: “Tu quoque, Brutus, fili mi!” (Até tu, Brutus, meu filho!).
Finalmente, Calabar é, talvez, o mais conhecido traidor na história do Brasil.
Durante a invasão holandesa no nordeste, esse indivíduo passou para o lado inimigo, informando-o sobre as forças locais e orientando-o sobre a região.
Capturado, foi julgado e condenado à forca.
Exemplos positivos versus exemplos negativos. Churchill, Julio Cesar e Leônidas; Judas, Brutus e Calabar.
Pense e analise.
Como você quer registrar o seu nome na história? Como um patriota, um perseverante, um símbolo de inteligência e de organização ou um leal combatente? Quem sabe um somatório de tudo isso?
Assim sendo, você, certamente, será um grande exemplo para os seus filhos, um orgulho para os seus pais e para os seus companheiros de farda.
Na construção da sua história, jamais aja como os Judas, Brutus ou Calabares e não os admita no seu convívio.
Eles são a falsidade e a dissimulação e, a qualquer momento, poderão apunhalá-lo e lançá-lo ao fundo do poço.
Afaste-se deles e não se esqueça: a traição é um ato torpe, vil e próprio dos homens sem caráter.
O desejo deste comandante é que de cada um de nós seja um Churchill, Julio Cesar ou Leônidas e no nosso dicionário conste apenas palavras como disciplina, honra, perseverança, lealdade e outras afins.
São essas virtudes que fazem os grandes homens e mulheres do mundo; que nos fazem especiais.
Nós somos especiais!”

Pois, bem!

Essa mensagem foi dirigida a uma importante tropa da Polícia Militar que tive o privilégio e a honra de comandá-la por um longo tempo.

Assim deve ser nas nossas rotinas diárias e não apenas nos quartéis; em casa, nas ruas e em todos os momentos da vida, luta e perseverança sempre deverão estar alicerçadas nos exemplos positivos; nos exemplos de honra.

Infelizmente, temos alguns Judas, Brutus e Calabares nas proximidades e, às vezes, no nosso convívio.

Mas, nós não os queremos; nós não queremos ser como esses.

Nós queremos e nós somos Churchill, Julio Cesar e Leônidas.

Nós temos honra!

Dejanir Braz Pereira da Silva – Cel            
Presidente do CD da Caixa Beneficente